João Gilberto Lucas Coelho: aniversário, cidadania e despedida

Redação do Diário

Confira o texto da coluna Opinião da edição impressa do Diário de Santa Maria deste final de semana:

João Gilberto Lucas CoelhoAdvogado

No 17 de maio, Santa Maria comemora 164 anos de “emancipação política”, quando o município foi instalado, assumiram os primeiros vereadores eleitos, cumprindo legislação provincial que elevara a freguesia à condição de “vila”, habilitada a sediar estrutura municipal.

Cheguei a Santa Maria, adolescente, vindo da terra natal Quaraí, para cursar o Segundo Grau, então lá inexistente. Morei em casa de parentes e diferentes repúblicas de jovens até casar e alugar moradia. Comecei a trabalhar aqui, antes de ir cumprir mandatos legislativos na Capital Federal. Em Santa Maria vivenciei as emoções fortes da juventude, sofrências e amores, idealismos e ousadias. Em Santa Maria tornei-me cidadão, abri o espírito para a realidade social e política, alistei-me como eleitor.

Santa Maria tem sido meu único “domicílio eleitoral”, quase completando seis décadas de exercício do voto. Somente faltei em raras oportunidades após 2010 quando problemas de saúde dificultaram viagem nalguns pleitos. Comecei votando em seção eleitoral no salão paroquial da Igreja Metodista da esquina da Acampamento com a Tuiuti, ali fui mesário, depois fui eleitor de seção no Colégio Maria Rocha.

Em 1972, fui eleito vereador. Iniciou a relação na condição de candidato com seis diferentes pleitos. Antes, acompanhava escrutínios dos votos como comunicador. Em tantas eleições das quais vi os votos serem contados, quer como radialista, quer como candidato, nos tempos de cédulas impressas, avulsas ou únicas, muito conheci da fragilidade desse antigo processo e das formas usadas para influenciar resultados. Atualmente voto na urna eletrônica com convicção da garantia do processo, embora sabendo que exista alguém querendo fraudar e de que o crime acompanha a evolução das tecnologias.

Sempre tive a convicção de me manter eleitor em Santa Maria. Sinto-me politicamente vinculado à cidade desde a juventude, fui representante eleito de seus cidadãos. Quando foi anunciado o recadastramento do eleitorado e identificação digital, surgiu o empecilho: não conseguiria comprovar o domicílio local na falta de documento provando residência na forma da lei. Leis precisam ser gerais, objetivas e suas regras não comportam os sentimentos envolvidos em casos personalíssimos. A pandemia suspendeu temporariamente o recadastramento, continuei usando o velho e esfarrapado título de eleitor com domicílio santa-mariense. Todavia, um dia Santa Maria vai recadastrar seu eleitorado e não terei como comprovar residência aqui. Os problemas de saúde ameaçam ainda mais dificultar viagens para votar. Tomei a decisão sofrida de antecipar a despedida: requeri transferência do título eleitoral para Porto Alegre onde resido há um punhado de anos.

Este maio tem sabor amargo de despedida. Contrariado, deixarei de ser eleitor santa-mariense. Cidadão de Santa Maria agora se resume ao título honorífico que, generosamente, um dia a Câmara municipal concedeu-me

Leia o texto de Eros Roberto Grau

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